Durante a cerimônia de lançamento do projeto Teresa de Benguela, na Câmara de Vereadores de Vila Bela da Santíssima Trindade, o reitor do Instituto Federal de Mato Grosso, Julio César dos Santos anunciou a indicação de concessão do primeiro título de Doutor Honoris Causa (Resolução 044/2019) à representante da etnia chiquitana, a professora e líder comunitária Vanda Copacabana Villas Boas, pelo seu trabalho humanitário, social e cultural.
O processo será encaminhado para aprovação pelo Conselho Superior (Consup).
A expressão honoris causa vem do latim e significa “por causa da honra”. No mundo acadêmico, é usada no reconhecimento do trabalho de pessoas que demonstraram grande empenho em suas áreas de atuação, independentemente de sua formação educacional.
“Fui pega de surpresa por essa moção, esse reconhecimento. Estou muito feliz, agradecida e emocionada em poder estar colhendo frutos daquilo que vínhamos plantando há décadas. Nossa luta não foi em vão e ela deve ser constante. O projeto é uma felicidade imensa pra nossa comunidade,” celebrou a segunda cacique, Dona Vanda.
O reitor do IFMT, Julio Santos disse que a instituição se sente honrada por conceder esse reconhecimento ao povo chiquitano.
“Peço a cada mulher chiquitana, a cada cidadão vilabelense, a cada pessoa que vive nesta região que sinta-se representado nessa homenagem. Através desse título a voz de Dona Vanda em defesa do seu povo chiquitano chegará ao meio acadêmico e a todos os espaços onde for necessário defender a luta dessa comunidade”, afirmou o reitor.
A diretora-geral do campus Pontes e Lacerda – Fronteira Oeste, Vanderluce Machado agradeceu à Dona Vanda, que com sua sabedoria, ensina que os povos chiquitos não vieram para o Brasil, mas foram expatriados pela coroa portuguesa.
“Ela ousou acreditar que sua comunidade merece muito e não se permitiu ser contingenciada por desafios e limites. Nos procurou para estabelecer uma parceria com objetivos definidos daquilo que as mulheres remanescentes chiquitanas precisam para se qualificar e empreender numa perspectiva de preservação da tradição em face ao novo. Objetivo este, compartilhado com as remanescentes quilombolas, as quais também buscam atender as exigências da contemporaneidade mantendo em foco a ancestralidade”, contou a diretora.
Fotografia: Orismeire Zanelato/IFMT e Angelo Varela/ALMT